Febre do Rato



Febre do Rato é um título perpicaz que incorpora todas as condições sociais de Recife e também é uma alusão a alguém sem lucidez, sem controle. Esse alguém é o poeta Zizo que vive em uma sociedade alternativa, anarquista e diferente de uma pequena parte da  sociedade padrão e burguesa de Recife. Vive pelos mangues e bares fazendo, falando e vivendo a/de poesia. Além das letras sua rotina dionisíaca é composta de manifestações poéticas intensas, edição e impressão do jornal manifesto Febre do Rato e sexo com as senhoras locais também intenso como tudo em sua vida e em seu ser. A fome do agitador cultural pelas palavras contra a desigualdade social e sua rotina é alterada quando conhece Eneida.
 Eneida remete ao Èpico de Virgílio e significa guerra. Traduz no filme como origem da guerra interna que ocorrerá a Zizo a partir do momento que a deseja mas esta o rejeita. Possui dezoito anos, estuda e gosta de Zizo. Segundo suas próprias palavras prefere Zizo à sua escrita.


Vanessa e Pazinho é um casal em constante tapas e beijos. Ele é adepto a surubas e ela é um travesti. Ele se da o direito de frequentar orgias e bebedeiras mas ela não. (Somos diferentes mas iguais, ela diz em determinado momento)
Os personagens vividos por Victor Araújo, Hugo Gila, Tânia Granussi vivem em um barraco em meio a bacanais e festas.

É essa a Recife que Claudio de Assis nos apresenta aos poucos.Uma Recife fora dos pontos turísticos. Uma Recife incomum, crua e miserável e anarquista tanto social quanto sexual.
 É interessante observar como o discurso político anarquista se estende para outras esferas da vida como na area das relações sociais. Todo mundo é de todo mundo. As relações não são de poder ou controle. Não são verticais mas horizontais (é interessante notar que esse aspecto se expressa também na tecnica pois em algumas cenas, a camera move-se por cima. Verticalmente). Não há regras ou etiquetas. O que importa é a entrega, o prazer.
Criticado por intelectuais e críticos conservadores e tachado de subversivo devido a valorização à nudez e sexualidade em seus filmes, Claudio de Assis é representado pelo próprio Zizo: é um diretor fora do padrão. Deseja acabar com a ordem estabelecida, incorporar tudo o que seja chamado de perversão, possui uma inquietação interna, de ousar, de desobedecer, enfim de  viver.
Febre do Rato nada mais é que um filme de amor anarquista,sexual e visceral.

Tìtulo: Febre do Rato
Elenco: Nanda Costa, Irandhir Santos, Matheus Nasthergale
Ano: 2011

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2 comentários:

Diego Soares disse...

Haha... Tava inspirada, bixo! Caramba, isso era tudo que eu queria dizer se fosse você. Cada centimetro desse texto já me pertence. Esse filme é demais!

Vanessa Santos disse...

Eram essas as minhas palavras escondidas no tradicional "adorei o filme"!

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