Philomena


 

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Antes de qualquer palavra sobre o filme, necessito expressar minha torcida para Judi Dench no oscar. 
Já assisti os filmes das concorrentes para melhor atriz e me ocorreu que todas elas interpretam personagens em algum tipo de crise à beira de um colapso nervoso. Não sou nenhuma expert em cinema ou em atuação mas creio que esses tipos de personagens são mais "fáceis" de explorar. Não há dificuldades em desenvolver suas complexidades psicológicas e chamar a atenção da crítica e do público. Mas papéis como o de Philomena, onde o foco não esta propriamente na personagem mas sim em suas reações mediante sua triste história e saga para encontrar o filho exige tanto da habilidade do ator quanto da entrega de sua alma artística ao personagem.
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Vale dizer que sua atuação não reside em reações melodramáticas, mas sim nos mínimos detalhes. Em singelos e contidos gestos e olhares que misturam esperança, culpa e tristeza. Isso basta para nos emocionar e ganhar nossa simpatia e empatia.
Baseado numa história real, o roteiro tem a assinatura de Steven Coogan que também é o protagonista.  Coogan interpreta o jornalista Martin Sixmith e Judi Dench a personagem-título, que resolve contar à filha que ela tem um meio irmão, nascido quando Philomena ainda era muito jovem nos anos 50. E que dela foi tirado e dado em adoção por freiras de um convento. Mesmo passado todo esse tempo ela esta determinada a encontra-lo de qualquer maneira. Em meio a saga para encontra-lo, ela conhece o jornalista Martin e a relação entre o ateu convicto e a religiosa toma o foco. Mas não espere uma relação previsível e clichê entre personagens opostos que Hollyood insiste em emprurrar goela abaixo. A relação entre eles é humana e empática.
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É claro que há medida que a história se desenvolve, é normal que o jornalista chegue ao ponto de irritar-se com a fé sem fim de Philomena. Mas através do jornalista, passamos pelo mesmo processo de aprendermos a compreender e respeitar a perspectiva, as decisões e a aceitação resignada de Philomena frente a fatos aparentemente tão revoltantes e injustos.
Filme perfeito para aqueles que preferem uma boa história de humor sutil aos filmes formuláicos amparados no 3D e de orçamento astronômico.

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Waking Life

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Assisti a esse filme pela primeira vez ainda adolescente em uma tarde de puro tédio. Após assisti-lo o marasmo deu lugar a pensamentos desconexos nunca antes tido sobre sonhos, realidade e existencialismo. Alguns anos mais tarde assisti para fazer um trabalho na faculdade. A experiência foi diferente. Os temas abordados no filme já me eram familiares e ampliaram minha visão do mundo. Já nessa terceira visita, percebi que Waking Life é o tipo de filme que pode ser comparado às bonecas russas: há mais mistérios e significados do que podemos ver.
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Sem se importar com a linha narrativa tradicional, o diretor Richard Linklater ( Jovens, loucos e Rebeldes) trabalha com ideias e notas para abordar a seguinte questão: “Será que somos sonambulos quando estamos acordados ou estamos acordados quando estamos sonhando?”. A fim de encontrar respostas,ele vagueia por pessoas e lugares diferentes. Entre elas aparecem figuras ilustríssimas da nossa realidade como Robert C. Solomon, filósofo da Universidade do Texas, o diretor Steven Soderbergh e ilustres figuras ficcionais como Jesse e Celine, personagens de Antes do Amanhecer, que oferecem debates e diálogos filosóficos sobre  a evolução da linguagem, o papel da mídia, o livre arbítrio e a formação científica para o sentido de identidade.
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Linklater encontra inúmeras maneiras de filosofar sobre a existência e realidade. Não há sexo, violência ou história: apenas conversas. É um filme com  pessoas falando constantemente sobre o significado da vida. Não é um filme fácil mas é uma obra visualmente fantástica e única, que oferece propostas filosóficas intrigantes sobre os princípios básicos da vida, e ao mesmo tempo é uma fonte constante de humor e espanto.

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