Elles


Nos cinemas brasileiros há praticamente um mês é uma boa pedida para quem deseja fugir de blockbusters e dos fracos filmes americanos atuais. Elles,que abriu o festival Um outro olhar, é dirigido pela estreante polonesa Malgorzata Szumowsk, conta a história de Anne (Juliete Binoche,se superando a cada filme), jornalista de uma grande revista voltada para o público feminino. Trabalhando em uma matéria sobre prostituição estudantil consegue os depoimentos de duas estudantes de Paris, Alicja (Joanna Kulig) e Charlotte (Anaïs Demoustier), que abrem suas vidas sem pudor ou vergonha. Tais confissões acabam ecoando no dia a dia de Anne e interferindo em seus relacionamentos pessoais. 

 Apesar de ser um tema desgastado, A bela da tarde e Caché são mais brilhantes sob a tematica da vida burguesa, é interessante ver esse cenário através do olhar da personagem de Binoche. Seu interior e sua visão vão se transformando. Antigos pensamentos e ideologias vão se perdendo ao longo do filme. Até mesmo seus hábitos vão se diferenciando. O problema é que sua situação e posição na família e sociedade  continua a mesma. E o que dizer do assunto principal, a prostituição das estudantes? Através de uma camera vacilante nos momentos da entrevista, a questão da utilização da prostituição para financiar os estudos se assemelha a um documentário. Será que alguma delas são forçadas a se prostituir? Será que há algum tipo de arrependimento? 
 Reconstituições, depoimentos e devaneios desordenados dão o tom para o desenvolvimento do enredo, mesmo que isso dificulte a compreensão em alguns trechos.

Elles não esta sendo uma unanimidade nas críticas mas o seguinte dialogo entre a jornalista e uma das prostitutas já vale o ingresso ou o download: A garota de programa com tristeza e olhos marejados diz para a jornalista que ainda carrega no corpo o cheiro. A jornalista presume que é o cheiro do trauma do sexo forçado, da ausencia de proteção e  promíscuidade. Mas não. O cheiro que ela se referia era do esgoto proximo a sua antiga moradia. 
Mesmo não sendo um filme unanime, é polêmico e quebra alguns paradigmas.

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